Orelhas de borboleta (LER +)
«A Mara é orelhuda!».
«Mãe, tu achas que eu sou orelhuda?».
«Não, filha. Tens é orelhas de borboleta.»
«E como são as orelhas de borboleta?».
«São orelhas que revoluteiam na cabeça e pintam as coisas feias de mil cores.»
Ter as orelhas grandes, o cabelo rebelde, ser alto ou baixo, magro ou rechonchudo... até a mais insignificante característica de alguém pode ser motivo de troça entre as crianças.
Daí a necessidade e a pertinência de uma obra com este teor que demonstre a todos, tanto aos que troçam como aos que são vítimas de algum comentário mais depreciativo, que esse tipo de comportamento é reprovável. Muito especialmente para os que são vítimas dessas atitudes, a mensagem que esta história lhes transmite é que encarem positivamente aquilo que para os outros é motivo de gozo; e isto porque se devem valorizar as características que nos diferenciam dos demais e que nos distinguem como seres especiais e únicos; e isto porque reconhecer e reivindicar a diferença nos fortalece, levando-nos a aceitarmo-nos como somos e a reforçar a nossa personalidade.
É esse o primeiro passo para aprendermos a rir de nós próprios...
A figura materna destaca-se aqui como o referente vital da protagonista, que vai respondendo aos comentários das outras crianças, seguindo as indicações da mãe: aquilo que para os outros é um defeito, para Mara é uma vantagem que eles não têm.
Luísa Aguilar revela uma enorme sensibilidade neste texto, singelo e cheio de força literária, que também transporta o leitor para um mundo de formas, sentimentos e emoções, sustentado pelas airosas ilustrações de André Neves, que vivem da força do colorido e da riqueza na combinação de elementos têxteis com aplicações a papel e suas texturas
Marca | Kalandraka Editora |
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